EXPOSIÇÃO DE ESCULTURAS DE LEGO NA OCA - REPORTAGEM

EXPOSIÇÃO DE ESCULTURAS DE LEGO NA OCA

Obras de arte com blocos de Lego é o tema da próxima exposição na Oca que fica em cartaz entre os dias 11 de agosto e 30 de outubro. A exposição de Nathan Sawaya ocupará o espaço da Oca do Ibirapuera e reúne 80 obras. Tem também terá uma área para brincar e construir com as peças coloridas.
ENTRADAS: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
Abaixo vídeo que mostra a exposição que virá para a Oca.
Na Oca você encontrará reconstruções de obras de arte universalmente conhecidas, como:
  • “O Pensador” de Rodin
  •  “Vênus de Milo”
  • “O Grito” de Edvard Munch
  • “O Beijo” de Gustav Klimt
Também esperamos seções com o Buda ou esculturas enormes, como o impressionante esqueleto de T-Rex de 6 metros de comprimento feito com 80.020 blocos.
Horário de Funcionamento/Visitação: 
Aberto de terça a domingo, das 11h00 às 20h00 Bilheteria até 19h00
Ingressos à venda no local a partirdo dia 11 de agosto.
Exposição aberta até 30 de outubro


CASA PSICOTRÓPICA • ATIVAÇÃO DE OBRA DE NOMEDA & GEDIMINAS URBONAS

Cultivo de fungos como aparato tecnológico e de desígnio construtivo. Através de uma ação colaborativa com os visitantes realiza-se um laboratório construído no ambiente expositivo. Nesse lugar da experiência, trabalha-se para construir possíveis protótipos ou interfaces que integram novas formas de convívio ecológico.

EM FORMA DE NÓS MESMOS • ATIVAÇÃO DE OBRA DE RITA PONCE DE LEÓN

Na obra En forma de nosotros [Em forma de nós mesmos], 2016, Rita Ponce de León dispõe uma serie áudios, desenhos e blocos de barro que possuem cavidades para acomodar corpos, pés, mãos, em posições diversas.
Ativação de obra permanente durante a exposição.



trailer Animação Van Gogh...

Animação sobre Van Gogh será o primeiro longa feito inteiramente com pinturas a óleo

Divulgado o primeiro trailer de “Loving Vincent”, que pretende lançar um novo e fascinante olhar sobre a vida e obra do pintor neerlandêsVincent Van Gogh, autor de pinturas como “A Noite Estrelada” e “Os Girassóis”.

O que diferencia o novo trabalho dos anteriores já produzidos sobre o artista (ver abaixo) é sua estética e produção inovadora. “Loving Vincent” será produzido inteiramente por pinturas a óleo, tornando-se a primeira animação em longa-metragem a utilizar somente esta técnica. Segundo os produtores, são necessárias 12 pinturas para cada segundo de filme, e mais de 100 pintores já contribuíram no projeto
.
A direção é de Dorota Kobiela, com co-direção de Hugh Welchman. Dorota, também pintora e formada na Academia de Belas Artes de Varsóvia, é autora de outras três animações. 

A técnica de animação utilizada no filme, nomeada como paws (painting animation work stations), foi criada e patenteada pelo estúdio londrino BreakThruProductions, que produz a obra.

A vida e arte de Van Gogh tem servido de inspiração a muitos cineastas. A primeira dentre estas realizações foi o curta Van Gogh (1948), do francês Alain Resnais. Nessa lista, também fazem parte títulos como “Sede de Viver” (1956), “Van Gogh - Vida e Obra de um Gênio” (1990), “Van Gogh” (1991), “Van Gogh: Pintando com Palavras” (2010) e “Vincent e o Doutor” (2010). Outro filme que merece destaque é “Dreams” (1990), de Akira Kurowasa. Não se trata de um trabalho sobre o pintor, mas uma compilação de curtas sobre sonhos. Em um destes sonhos, o diretor adentra num quadro de Van Gogh e conhece o artista – que é interpretado pelo diretor Martin Scorsese

A animação tem previsão de estreia para o segundo semestre de 2016.

7 de Setembro - "O Grito do Ipiranga" /Pedro Américo


"INDEPENDÊNCIA OU MORTE" ou "O Grito do Ipiranga" de Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888).

O quadro feito em 1888, atualmente no salão nobre do Museu Paulista da USP, é a principal obra do museu e a mais divulgada de Pedro Américo.

O nome original dessa tela é "Independência ou Morte" mas ficou conhecida como "O Grito do Ipiranga".
A tela mede 7,60 x 4,15 m, tratando-se de uma tela retangular que representa a cena de Dom Pedro I proclamando a independência do Brasil. Na tela também aparecem:
  • à direita e à frente do grupo principal, em semicírculo, estão os cavaleiros da comitiva; 
  • à esquerda, e em oposição aos cavaleiros, está um longo carro de boi guiado por um homem do campo que olha a cena curiosamente.
Essa obra foi encomendada pelo governo imperial e pela comissão de construção do monumento do Ipiranga, antes que o Museu do Ipiranga existisse, e foi completado em Florença em 1888.

O artista se preocupava em estudar todos os detalhes de seus quadros, como roupas, armas e os tipos físicos das pessoas. Para a produção deste quadro, ele se dirigia freqüentemente ao bairro do Ipiranga para conhecer-lhe a luz, a topografia e outros aspectos.
Os esplendores da imortalidadeJOSÉ MURILO DE CARVALHO

Um pintor de história deve restaurar com a linguagem da arte um acontecimento que não presenciou e que "todos desejam contemplar revestido dos esplendores da imortalidade". Assim escreveu Pedro Américo em texto explicativo sobre o quadro conhecido como "O Grito do Ipiranga", completado em Florença em 1888 por encomenda da comissão de construção do monumento do Ipiranga. A tela tornou-se ícone nacional, representação maior da Independência. O texto descreve o grande cuidado do pintor em reproduzir de maneira exata o acontecimento. Leu, pesquisou, entrevistou testemunhas oculares, visitou o local. No entanto, por razões estéticas, teria sido obrigado a fazer mudanças nas personagens e no cenário a fim de produzir os esplendores de imortalidade.

De início, dom Pedro não podia montar a besta gateada de que falam as testemunhas. O pedestre animal, apesar de ter arcado com o peso imperial, teve o desgosto de se ver substituído no quadro pela nobreza de um cavalo. Com maior razão, prossegue o pintor, o augusto moço não podia ser representado com os traços fisionômicos de quem sofria as incômodas cólicas de uma diarréia. Como se sabe, a diarréia fora o motivo da parada da comitiva às margens do Ipiranga (um irreverente poderia acusar dom Pedro de ter iniciado a poluição do desditoso riacho).

Ocasião de gala O uniforme da guarda de honra também foi alterado. A ocasião merecia traje de gala, em vez do uniforme "pequeno". Finalmente, o Ipiranga teve que ser desviado de seu curso para facilitar a composição do quadro. O carreiro com seu carro de bois, segundo o pintor, entrou em cena para dar cor local, retratar a placidez usual daquelas paragens, perturbada pelo acontecimento. Não aceitou a sugestão de obter o mesmo efeito com uma tropa de asnos, bicho que definitivamente desprezava. O que não impediu que seu carreiro fosse mais tarde objeto da mordacidade de Eduardo Prado, que nele viu o símbolo do povo brasileiro assistindo espantado à cena insólita.

O que Pedro Américo não conta é que seu quadro lembrava muito a tela "1807, Friedland", de Ernest Meissonier, talvez para não reavivar acusação anterior de ter plagiado a "Batalha de Montebelo", de Appiani, em sua "Batalha de Avaí". O quadro de Meissonier, pintado em 1875, refere-se à batalha de Friedland, vencida por Napoleão em 1807.

A semelhança na composição dos dois quadros é muito grande. Em ambos, a figura central, d. Pedro e Napoleão, é colocada sobre uma elevação do terreno, cercada por seus estados-maiores. Ao seu redor, em movimento circular, soldados entusiasmados saúdam com as espadas desembainhadas. A dinâmica das figuras nos dois quadros aponta para o centro ocupado pelo príncipe e pelo imperador. Sobressai em primeiro plano o movimento dos cavalos, cujo desenho exato era obsessão de Meissonier. Nos dois casos, finalmente, nenhuma ambiguidade quanto ao objetivo dos pintores: a exaltação do herói guerreiro.

Pedro Américo também não menciona em seu texto outro quadro sobre o mesmo tema da Independência, executado em 1844, a pedido do Senado imperial, por François-René Moreaux, um pintor francês então residente no Rio. Não se sabe se conhecia o quadro de Moreaux, sem dúvida inferior ao seu em qualidade. O certo é que as duas telas são antitéticas, como observou Maria de Lourdes V. Lyra. Moreaux altera mais radicalmente as figuras e o cenário. D. Pedro monta um cavalo, mas ergue o chapéu em vez da espada. Não está em posição mais alta, cercado de soldados, mas no meio de gente do povo, de mulheres e de crianças descalças que ocupam a frente da cena. O clima é de alegria festiva e não de exaltação patriótica.

Nenhum dos dois pintores representou com exatidão os fatos, como, aliás, querendo ou não o artista, sempre acontece. Mas a distorção tinha finalidades distintas. Pedro Américo, atendendo à finalidade da encomenda, buscou construir a imagem de um herói guerreiro, criador de uma nação. Moreaux, talvez pensando nas revoluções de sua pátria, pintou um líder popular, instrumento de um movimento coletivo que fez a Independência. Duas maneiras de contar a história, duas maneiras de construir a memória nacional. Ironicamente, Pedro Américo, mais fiel do que Moreaux ao que acontecera à margem do Ipiranga, estava mais distante do que o francês do que foi o processo de Independência.

Embora não tivesse havido no Brasil prolongada guerra de independência como na América espanhola, houve sangue derramado na Bahia, Pará e Maranhão. No Rio de Janeiro, foi intensa a participação popular, manifestada sobretudo no episódio do Fico, quando um abaixo-assinado com 8.000 nomes foi entregue a dom Pedro solicitando que permanecesse no país. Para uma cidade de uns 150 mil habitantes, em sua maioria analfabetos, era um número extraordinário.

Desde 1820, data da revolta do Porto, a agitação na capital era constante. Travara-se o que o padre Perereca chamou de guerra literária: centenas de panfletos políticos foram escritos debatendo com paixão os temas do dia: volta de dom João, permanência de dom Pedro, Independência, Monarquia, Constituição. A aclamação de dom Pedro em 12 de outubro, ao voltar de São Paulo, e a sagração a 1º de dezembro contaram com a presença entusiástica de milhares de pessoas no campo de Santana (praça da República) e no largo do Paço (praça 15). O povo do Rio não foi o carreiro de Pedro Américo, esteve mais próximo do povo de Moreaux.

Duas histórias
D. Pedro ficou no Brasil por decisão e a pedido dos brasileiros, povo e elite. Moreaux alterou o grito do Ipiranga para contar essa história. Pedro Américo o alterou para contar outra história. Todos os brasileiros conhecem o quadro de Pedro Américo, guardado no Museu do Ipiranga. Só os especialistas conhecem o quadro de
Moreaux, hoje no Museu Imperial de Petrópolis.

Parece útil falar dessas duas maneiras de contar a história do país nestes dias de celebrações, de construção de marcos e monumentos em busca dos esplendores de falsa imortalidade.